sábado, 13 de julho de 2013

Partido Arquitetônico

PARTIDO ARQUITETÔNICO
Professor Alfredo Coelho
Entre todos os aspectos componentes de um projeto de Arquitetura, o conforto térmico e acústico bem como a funcionalidade são itens de extrema importância. O conforto térmico leva em conta aspectos naturais como ventilação e iluminação, aspectos estes que são obtidos tirando-se proveito da situação e condições topográficas do terreno. Já a funcionalidade depende muito da articulação das peças (salas, quartos, cozinha etc. e ou outros elementos, quando é o caso) os quais devem estar racionalmente distribuídas atendendo a um fluxograma que contemple os três setores (social, íntimo e serviço) sem atropelos e misturas; tudo isso de modo a atender às necessidades do cliente.
O Arquiteto ao conceber um projeto, este deverá ser capaz de traduzir as expectativas do cliente em relação a diversos atributos, muitas vezes subjetivos como, por exemplo, conforto, requinte e beleza, que são atributos únicos inerentes a cada pessoa. Cada um apresenta conceitos diferentes para entender e aceitar os conceitos de conforto, requinte e beleza. Um adulto e uma criança têm interesses bem diferentes e veem as coisas mais diferentes ainda, assim como acontece com o homem e uma mulher, os quais ainda sofrem influências pela classe social, níveis culturais, formação, assim como outros condicionantes que advém das necessidades de cada um. O gosto é uma questão de várias sugestões, tudo influencia e, cabe ao arquiteto está comprometido com o interesse do cliente; e esse é o desafio: conseguir compreender os seus desejos e atender as suas necessidades e expectativas de morar ou mesmo de empreender, se for o caso.
O arquiteto deve agregar valor ao seu projeto, isto é, deve atender a todos os atenuantes visando sempre um menor custo, mas sem agredir o acabamento e bom gosto. O arquiteto ao atender aos “horripilantes” Códigos de Obras não deve sacrificar as suas ideias e a funcionalidade do projeto, não deve por em cheque o bom funcionamento entre as peças, e dispor de artifícios que venham, num futuro próximo, prejudicar e macular o seu trabalho. O arquiteto entes de tudo deve ser um “sertanejo”, segundo Euclides da Cunha: “um forte”. Um arquiteto comprometido com o seu cliente; comprometido com os códigos reguladores e a ética, jamais se dá por vencido e entregue a interesses vil. Ele segue em frente à procura de melhores soluções.
A maior arma do arquiteto chama-se: PARTIDO ARQUITETÔNICO. É com essa arma que o arquiteto consegue êxito em seu labor, segundo Lucio Costa[1]:
... “enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais - não é ainda arquitetura; mas quando - popular ou erudita - aquele que a ideou para e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilar ou de relação entre altura e largura de um vão e se detém na procura obstinada da justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei e se demora atento ao jogo de materiais ao seu valor expressivo - quando tudo isso vai a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas também àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em determinados sentido toda essa massa confusa e contraditória de detalhes, transmitindo assim ao conjunto ritmo, expressão, unidade e clareza - o que confere à obra o seu caráter de permanência. Isto sim é arquitetura".
Sempre que o arquiteto se depara com um projeto, ele se depara com um terreno, se depara com um cliente que tem as suas necessidades, ele se depara com um código de obras e principalmente, se depara com a fruição de suas ideias, e aí existe o perigo de as ideias fluírem na direção de uma contradição entre as técnicas a e funcionalidade e com essa contradição não chegar a um ritmo, a uma expressão a uma unidade e a uma clareza o que não qualificaria o seu projeto como ARQUITETURA. É por isso que o partido arquitetônico deve ser bem estudado e analisado em todos os seus parâmetros.
O Partido Arquitetônico é um conjunto de diretrizes e parâmetros que são levados em conta na realização de um projeto arquitetônico e ou urbanístico.
Os parâmetros sempre estão combinados e nunca um único parâmetro produzirá um partido. Quanto maior o número de parâmetros seguidos, melhor caracterizado ficará o PARTIDO ARQUITETÔNICO.
10 PARÂMETROS QUE DETERMINAM UM PARTIDO ARQUITETÔNICO
1.       Terreno:
Quanto ao terreno levam-se em conta os elementos de topografia:
Altimetria e planimetria, área, entorno e sua paisagem, localização, acessos e implantação.
2.       Finalidade:
As finalidades podem ser várias:
Residencial, uni e pluridomiciliar, comercial, pública de edificações, de equipamento ou urbanística.
3.       Implantação:
O parâmetro implantação oriundo do parâmetro terreno depende muito da geografia do terreno:
Orientação, insolação, prevalência de luz natural, prevalência do meio ambiente existente.
4.       Programa:
Os programas estão muitos atrelados a finalidades, são determinados pelo cliente ou consequência da finalidade específica do projeto.
Setorização e distribuição dos cômodos, arranjos horizontais ou arranjos verticais simples ou adaptados.
5.       Conceitos:
Os conceitos são elementos teóricos vindos de influências históricas e de estilos arquitetônicos frutos de leituras e pesquisas.
Linhas seguidas pelo arquiteto, tendências clássicas, tendências modernas ou tendências contemporâneas.
6.       Legislação:
Estes parâmetros estão relacionados a questões regulamentadoras.
Planos diretores, código de obras, leis de uso do solo e leis ambientais.
7.       Elementos construtivos:
Este parâmetro depende muito dos parâmetros programa e conceito.
Nele são levados em conta os materiais e o tipo de estrutura frutos do estilo arquitetônico adotado.
8.       Forma e volume:

Este parâmetro é mais um que está associado aos parâmetros programa e conceito.
Aqui se observa a proporção entre cheios e vazios, as vistas, movimentação volumétrica e linhas.

9.       Flexibilidade:

Um projeto arquitetônico deve conter condição de alterações e remanejamento a qualquer momento que se torne necessário.

10.     Viabilidade:

Está sujeita aos critérios de viabilidade econômica, viabilidade técnica e construtiva, está de acordo com as legislações e em respeito ao meio ambiente.




[1] Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro Lima Costa, Arquiteto e Urbanista graduado em 1924 pela Escola Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro. É o responsável pelo Plano Piloto de Brasília e o dono da ideia da cidade se desenvolver segundo a forma de um avião no Planalto Central. Lucio Costa nasceu em 1902, na cidade de Tullon – França, (filho de pais brasileiros) e morreu no Rio de Janeiro - Brasil em 1998.

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